Bispo de Maiduguri, na Nigéria, pede ajuda à Igreja no Brasil para que o governo local possa cimentar a liberdade religiosa no país

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Na manhã deste sábado, 22 de abril, durante a sessão plenária da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a presidente do conselho da Ajuda à Igreja que Sofre no Brasil (ACN), Ana Manente, apresentou ao episcopado um vídeo gravado pelo bispo da diocese de Maiduguri, na Nigéria, dom John Bogna Bakeni. O prelado viria ao Brasil para participar da Assembleia da CNBB e dividir as experiências, especialmente da situação de perigo vivida pelos cristãos do norte da Nigéria, mas não foi possível.

Foto: Victória Holzbach (sul 3) – comunicação 60ª AG CNBB

Seu depoimento mostrou a consequência do impacto da violência persistente e das várias formas de perseguição postas em prática pelo Boko Haram, pelos terroristas do grupo Estado Islâmico, pelos pastores nômades fulani, ambas organizações islâmicas, empenhadas em estabelecer um califado e governo islâmico na Nigéria.

Nos últimos anos, segundo o bispo, a intensificação do conflito na Nigéria ocorre no momento em que os cristãos do país têm sofrido as piores atrocidades, infringindo a fiéis em qualquer lugar do mundo. “Desde 2009, o grupo islâmico Boko Haram infringiu terror em massa contra civis, matando mais de 60 mil nigerianos, sequestrando milhares e deslocando milhões”, conta o bispo.

O sequestro de meninas cristãs, de uma escola no nordeste da Nigéria, em abril de 2014, e conversão forçada para o islamismo revelam a agenda anticristã dos militantes. O cativeiro de uma das adolescentes, sequestrada em abril de 2018, mostrou que os militantes continuaram a ter os cristãos como alvos.

A diocese de Maiduguri relatou na primavera de 2017 que a violência do Boko Haram havia causado danos a mais de 200 igrejas e capelas, 20 presbitérios e centros paroquiais. Pelo menos 1,8 milhões de pessoas no nordeste do estado nigeriano de Borno forma deslocados até 10 de março de 2017.

“Em março de 2008, o Boko Haram prometeu guerra contra os nigerianos, contra os cristãos na Nigéria, em que um porta-voz dos militantes declarou que colocaria fim à presença dos cristãos, para colocar um Estado Islâmico apropriado em que os cristãos não conseguiriam ficar”, disse o bispo. De lá para cá, o Boko Haram tem cometido genocídio contra os cristãos no norte da Nigéria.

Confira o depoimento do bispo:

Apelo

Diante das agressões, o bispo dirigiu um apelo à Igreja no Brasil para que continue a rezar pelo povo nigeriano. “Precisamos de ajuda, de toda a maneira que vocês possam influenciar o nosso governo para que ele possa cimentar a liberdade religiosa”, exortou o bispo.

Ana Mamente, presidente do conselho da ACN no Brasil. Foto: Victória Holzbach (sul 3) – comunicação 60ª AG CNBB

Dom John Bogna Bakeni agradeceu, ainda, especialmente à ACN, que esteve ao lado do povo nigeriano com orações, solidariedade e apoio financeiro. “Durante anos a ACN nos deu esperança, razão para viver de novo; por causa da ACN a Igreja e a diocese de Maiduguri, embora abalada até as suas raízes está mais forte”.

Após a apresentação do vídeo, a presidente do conselho da ACN no Brasil, Ana Manente, apresentou também depoimentos de mulheres nigerianas, Maryamu Joseph e Janada Marcus, que foram sequestradas e tiveram seus familiares mortos, em atos de violência do grupo.

A representante da ACN também convocou todos a rezar no dia 6 de agosto pelos cristãos perseguidos. “É um dia para, de fato, ser vivido com intensidade e para rezar por aqueles que não estão podendo”.

Ao final da sessão, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor de Oliveira Azevedo, salientou que a diocese poderia contar com a Igreja no Brasil. “Conte conosco e essas palavras nos abrem horizontes também com relação aos sofrimentos do mundo e também nos interpelam a refletirmos no retiro que agora vamos fazer”.

A ACN

A Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) é uma fundação pontifícia que auxilia a Igreja por meio de informações, orações e projetos de ajuda a pessoas ou grupos que sofrem perseguição e opressão religiosa.

Texto: CNBB
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