Visita Ad Limina – Regionais da CNBB: Norte 1 e Noroeste

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Dicasterio para a promoção do desenvolvimento Humano Integral

Roma, 23/06/2022 – 11hs15mn

Relator: Dom Benedito Araújo – Diocese de Guajará Mirim – Rondônia

 

Em nome dos nossos Regionais Norte I e Noroeste, saúdam a todos com espirito jubiloso pela graça de podermos realizar esta visita manifestando assim a nossa comunhão e reconhecimento dos prementes apelos de uma Igreja Sinodal. Poder estar aqui no cumprimento desta agenda eclesial é obra e graça do Espirito de Deus, Kairós que nos impulsiona a buscar luzes e alimentar esperança para discernir a verdadeira missão que o Senhor quer de nós e da sua Igreja na região Amazônica, frente da poção do povo de Deus que é colocada aos nossos cuidados.

 

No Brasil, em particular para os nossos regionais, as conclusões das Conferencias Episcopais Latino Americano com o firme ensinamento da Doutrina Social da Igreja, continuam sendo o foco e a meta em vista de uma Evangelização libertadora, centrada na mística da Palavra. Inclusive, neste ano temos uma vasta agenda celebrativa e formativa sobre o Documento de Aparecida com seus 15 anos de promulgação.

Nossas Dioceses e Prelazias estão no coração da Amazônia com todo o seu esplendor de biodiversidade, com rios que serpenteiam nossos rincões e são aos olhos do mundo um espaço mirado por interesses da elite econômica nacional e internacional que não tem limite para fazer valer a posse, a denominação e exploração, vulnerabilizando a vida dos povos e suas culturas. É um “banco de prova” como afirma o Papa Francisco.

Nesta esteira, reconhecemos e agradecemos a Deus pelos inúmeros trabalhos de promoção da vida e da dignidade do nosso povo, através do apoio de cada Igreja particular centrado num caminho de sinodalidade, Igreja em saída com espirito samaritano.

 

A própria Conferencia de Aparecida nos exorta afirmando que: “A Doutrina Social da Igreja constitui uma riqueza sem preço, que tem animado o testemunho e a ação solidária dos leigos, que se interessam cada vez mais por sua formação teológica como verdadeiros missionários da caridade, e se esforçam por transformar de maneira efetiva o mundo segundo Cristo. Hoje, inumeráveis iniciativas leigas no âmbito social, cultural, econômico e politico deixam-se inspirar pelos princípios permanentes, pelos critérios de juízo e pelas diretrizes de ação provenientes da Doutrina Social da Igreja. Valoriza-se o desenvolvimento que tem tido a Pastoral Social, (…) e a riqueza do voluntariado nos mais diversos apostolados com incidência social (…)” Ap nº 53 f.

 

Nossas dioceses como território do coração da Amazônia são complexas, logo “a realidade multiétnica, multicultural e multirreligiosa da Amazônia exige uma atitude de diálogo aberto, reconhecendo também a multiplicidade de interlocutores: povos indígenas, ribeirinhos, camponeses e afrodescendentes (quilombolas), outras Igrejas cristãs e confissões religiosas, organizações da sociedade civil, movimentos sociais populares, o Estado, enfim, todas as pessoas de boa vontade que buscam a defesa da vida, a integridade da criação, a paz e o bem comum” (SA 23).

Como contatou o recente Sínodo para a Amazônia: “a defesa da vida da Amazônia e de seus povos requer uma profunda conversão pessoal, social e estrutural. A Igreja está incluída neste chamado para desaprender, aprender e reaprender, a fim de superar qualquer tendência a modelos de colonização que causaram danos no passado (…)” SA nº 81.

 

Considero doveroso trazer presente dois momentos que nós pastores e povo de Deus, estamos vivenciando, que revelam as inquietações e esperanças que permeiam nossa missão neste esforço profético da opção pela promoção do desenvolvimento Humano Integral: Primeiro, Os 50 anos do Documento de Santarém e segundo a realização da primeira etapa da 59ª Assembleia geral da CNBB através da modalidade virtual que teve como um dos resultados a “Mensagem ao Povo Brasileiro”.

 

Sobre os 50 anos do Documento de Santarém, o mesmo é o farol luminoso, a grande  a referencia da marcante presença da Igreja pela evangelização e educação da fé e pelo trabalho social como educadora e formadora da consciência para a cidadania. Depois de meio século das orientações pastorais de Santarém que assumiu linhas prioritárias da pastoral na Amazônia, muitos passos foram dados, porem ainda têm demandas não enfrentadas e que clamam aos céus e as nossas instituições por respostas mais audaciosas, como bem afirmou São Paulo VI “Cristo continua apontando para a Amazônia”. Entre tantas demandas, a questão econômica pastoral é a mais desafiadora. Somos gratos à sensibilidade do Papa Francisco pela ajuda financeira ao longo destes anos, esta ajuda tem sido uma segurança e alento na efetivação de tantas iniciativas pastorais.

 

Quanta a mensagem da 59ª Assembleia da CNBB, o cerne da mesma é “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).

 

No conjunto da mensagem, tudo reflete perfeitamente o cenário eclesial que ora vivenciamos. Cito na integra alguns pontos desta mensagem:

“Enche o nosso coração de alegria perceber a explosão de solidariedade, que tem marcado todo o País na luta pela superação do flagelo sanitário e social da COVID-19. A partilha de alimentos, bens e espaços, a assistência a pessoas solitárias e a dedicação incansável dos profissionais de saúde são apenas alguns exemplos de incontáveis ações solidárias. Gestores de saúde e agentes públicos, diante de um cenário de medo e insegurança, foram incansáveis e resilientes. O Sistema Único de Saúde – SUS mostrou sua fundamental importância e eficácia para a proteção social dos brasileiros. A consciência lúcida da necessidade dos cuidados sanitários e da vacinação em massa venceu a negação de soluções apresentadas pela ciência. Contudo, não nos esquecemos da morte de mais de 667.000”. “O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem! A fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta taxa de desemprego e informalidade. Assistimos estarrecidos, mas não inertes, os criminosos descuidos com a Terra, nossa casa comum”. “Num sistema voraz de “exploração e degradação” notam-se a dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum”. “Duas ameaças merecem atenção especial. A primeira é a manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”.

 

Ciente da nossa responsabilidade pastoral, reiteramos nossa comunhão sinodal desejosos de retornarmos  para nossas Dioceses depois desta visita investidos do vigor missionário em prol da  vida e vida em abundância.

 

Obrigado pela atenção de todos!

 

+ Benedito Araújo

Relator

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