Homilia: “Terra, floresta e água, dádivas de Deus para viver e conviver” Lema: “Nós somos testemunhas (At 3,15) de um novo céu e uma nova terra” (Ap 21).

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X Romaria da Terra

 

Hoje, o  santuário dos romeiros e romeiras desta X Romaria da terra e das águas é o chão que pisamos, banhado pelas águas do rio machadinho, adornado pela floresta que ainda resta.

Este santuário é a nossa casa comum, com tantas dádivas de Deus para conosco para que saibamos cuidar, administrar, viver e conviver no coração desta querida Amazônia que é um banco de prova para toda a humanidade.

Irmão e irmãs, acredito que cada romeiro/a chegou até aqui também impulsionado pelas palavras do nosso irmão o Papa Francisco que por ocasião do Encontro Mundial de Movimentos Populares afirmou: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês  sem terra; nenhum trabalhador sem direitos”.

Comprometidamente com a defesa dos direitos dos pobres, ele explica estes três gritos dizendo que temos que agir com solidariedade, pois “é preciso pensar e agir em termo de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns e  lutar contra as causas estruturais da pobreza, da desigualdade, da falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas”.

Ele nos motiva a enfrentar “os destrutivos efeitos do império do dinheiro que joga com os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, o latifúndio, o agronegócio, violência e mais violência e realidades que somos chamados a transformar”. (algumas formulações acrescentadas por mim).

Nesta romaria, aqui neste santuário,  somos convocados  a renovar em nós a profecia de Ezequiel. A assembléia convocada por Ezequiel reunindo as doze tribos de Israel em Siquém foi para renovar o compromisso da aliança com o Deus libertador, celebrando assim o encerramento da conquista da terra.

Com os questionamentos de Josué naquela assembléia, o povo é colocado diante de uma decisão que mudará os rumos da história e da sociedade.   A quem servir?

Pergunta que temos que nos fazer continuamente: A quem servimos? A quem queremos servir? 

Naquela assembléia de Siquém, a resposta: “Deus nos livre” revela o horror à idolatria; adorar os ídolos em vez do Senhor é algo absurdo e não deve ser cogitado em hipótese alguma. É inaceitável!

A razão dada para tal resposta é que eles provaram do cuidado e atenção que Deus teve para com eles, tirando-os da escravidão e guardando-os durante todo o caminho até ali.

Meditando esta primeira leitura ao longo da nossa caminhada, lendo as faixas, vendo à acolhida calorosa e celebrativa deste povo de Deus daqui da Paróquia de N. S. Aparecida, ouvindo os gritos que vem do povo, da floresta da terra e das águas eu lembrei da fala de um parente por ocasião do Encontro das Comunidades Eclesiais de Base – ceb`s – em Crato- Ce.

O parente dizia: “Roubaram nossos frutos, cortaram nossas galhos, queimaram nossas florestas, mais não arrancaram nossas raízes”.

É com esta convicção que estamos aqui como romeiros e romeiras de diversas regiões, diversos movimentos, diversas organizações, diversas denominações religiosas, como povo de Deus, povo caminheiro, para proclamarmos juntos que a “terra, a floresta e a água são dádivas de Deus para viver e conviver”.

Pois “Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seu membros sem excluir ninguém” ( Centesimus annus  – João Paulo II).

Dai a nossa indignação, o nosso grito, a nossa escolha de Machadinho do oeste, sob a proteção de N. S. Aparecida, para ser o santuário desta X Romaria.

Entre tantas ameaças e desafios da nossa região, aqui em Machadinho mais de 500 famílias da comunidade ribeirinha de Tabajara podem ser expulsos de suas terras pela construção da usina de Tabajara atingindo também seringueiros, indígenas isolados, os povos Tenharin, Gavião e Arara no rio machado.

Não podemos esquecer que o Vale do Jamari se destaca com o índice de violência no campo e o pior de tudo é que os camponeses são os únicos presos e criminalizados enquanto os mandantes e a elite do latifúndio desfrutam da impunidade. Nós somos testemunhas de que há uma violência institucionalizada praticada contra os pobres.

O planeta está ameaçado, e na nossa região sabemos que a falta da tão sonhada Reforma Agrária, a apropriação de terras, o desmatamento, o uso cada vez maior de agrotóxicos inadequados, o avanço dos monocultivos, os grandes projetos com desastrosos impactos ambientais, a politicagem da terra e da mineração,  são alguns do males que revelam a nossa decadência, do risco de extinção e do apelo para saber viver e conviver com tudo que é dádiva de Deus para conosco.

Frente este cenário lembro que por ocasião do IV congresso da Comissão Pastoral da Terra – CPT, celebrando os 40 anos de fundação da CPT, estavam reunidos mais de 900 agentes, camponeses e convidados de todo o Brasil. Todo o Congresso foi norteado pela “Memória, Rebeldia e Esperança dos Pobres da Terra”; com a consciência de que mesmo em tempo de escuridão, temos que saber viver a audácia de lutar sempre, esperar contra toda esperança, como foi gritado tantas vezes: “faz escuro, mas eu canto”  (poeta Thiago de Melo).

Esse alento, esta firmeza, nós encontramos na carta que Paulo dirige aos romanos e a nós hoje. A preocupação do Apostolo Paulo foi animar o espírito cristão dentro de um contexto difícil marcado pela exploração das pessoas, por deuses gananciosos e opressores,  que dominavam o mundo pela violência, segregando e dividindo as pessoas entre dominadores e dominados.

Naquele congresso, tinha um percurso com 30 placas recordando os 30 anos dos conflitos no campo do Brasil; estas placas estão aqui hoje, decorando o nosso santuário, para cada uma das placas: o ano, o numero de conflitos, numero de mortos e o destaque para a maior tragédia do ano. Como por exemplo, o massacre de Corumbiara.

Nesta trajetória, como bem diz a Palavra de Deus em Ato dos Apóstolos: “vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E disso nós somos testemunhas”(At 3,15).

“Nós somos testemunhas” (At 3, 15b)sim! De tantas conquistas, e resistências encampadas pelo nosso povo, mais  não podemos esquecer o ardor profético e missionário de tantos companheiros e companheiras que não pouparam a própria vida, irmãos e irmãos nossos que tombaram para fazer valer o sonho de dias melhores, como aponta o apocalipse que diz: “eu vi novo céu e nova terra” (Ap. 21).

O novo céu e nova terra  é o sonho de uma terra sem males! É o sonho de todos nós!.

Entre tantas testemunhas desta bravura na luta pelo sonho de uma terra sem males, trago presente o nosso irmão comboniano Pe. Ezequiel Ramim – saudosa memória – nós somos testemunhas Pe. Ezequiel de que voçê tinha razão, quando afirmava: “tenho medo só do cansaço, pois só com justiça na terra haverá vida e paz”.

Romeiros e romeiras, esta romaria é para refazer as nossas forças, despertar a nossa coragem, afastar o medo, o cansaço e renovar o nosso testemunho, o nosso compromisso, pois Deus é o nosso guia e nos conduz nesta caminhada.

Muitos caminhos que às vezes parece garantir- nos a vida, são caminhos tortuosos e falsos que conduzem a escravidão e a dependência.

O caminho que Deus propõe a nós por meio do seu Filho Jesus, é o caminho que liberta de toda escravidão.

Nós somos testemunhas! Faz escuro, mais eu canto!

Hoje, o  santuário dos romeiros e romeiras desta X Romaria da terra e das águas é o chão que pisamos, banhado pelas águas do rio machadinho, adornado pela floresta que ainda resta.

Este santuário é a nossa casa comum, com tantas dádivas de Deus para conosco para que saibamos cuidar, administrar, viver e conviver no coração desta querida Amazônia que é um banco de prova para toda a humanidade.

Irmão e irmãs, acredito que cada romeiro/a chegou até aqui também impulsionado pelas palavras do nosso irmão o Papa Francisco que por ocasião do Encontro Mundial de Movimentos Populares afirmou: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês  sem terra; nenhum trabalhador sem direitos”.

Comprometidamente com a defesa dos direitos dos pobres, ele explica estes três gritos dizendo que temos que agir com solidariedade, pois “é preciso pensar e agir em termo de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns e  lutar contra as causas estruturais da pobreza, da desigualdade, da falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas”.

Ele nos motiva a enfrentar “os destrutivos efeitos do império do dinheiro que joga com os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, o latifúndio, o agronegócio, violência e mais violência e realidades que somos chamados a transformar”. (algumas formulações acrescentadas por mim).

Nesta romaria, aqui neste santuário,  somos convocados  a renovar em nós a profecia de Ezequiel. A assembléia convocada por Ezequiel reunindo as doze tribos de Israel em Siquém foi para renovar o compromisso da aliança com o Deus libertador, celebrando assim o encerramento da conquista da terra.

Com os questionamentos de Josué naquela assembléia, o povo é colocado diante de uma decisão que mudará os rumos da história e da sociedade.   A quem servir?

Pergunta que temos que nos fazer continuamente: A quem servimos? A quem queremos servir?

Naquela assembléia de Siquém, a resposta: “Deus nos livre” revela o horror à idolatria; adorar os ídolos em vez do Senhor é algo absurdo e não deve ser cogitado em hipótese alguma. É inaceitável!

A razão dada para tal resposta é que eles provaram do cuidado e atenção que Deus teve para com eles, tirando-os da escravidão e guardando-os durante todo o caminho até ali.

Meditando esta primeira leitura ao longo da nossa caminhada, lendo as faixas, vendo à acolhida calorosa e celebrativa deste povo de Deus daqui da Paróquia de N. S. Aparecida, ouvindo os gritos que vem do povo, da floresta da terra e das águas eu lembrei da fala de um parente por ocasião do Encontro das Comunidades Eclesiais de Base – ceb`s – em Crato- Ce.

O parente dizia: “Roubaram nossos frutos, cortaram nossas galhos, queimaram nossas florestas, mais não arrancaram nossas raízes”.

É com esta convicção que estamos aqui como romeiros e romeiras de diversas regiões, diversos movimentos, diversas organizações, diversas denominações religiosas, como povo de Deus, povo caminheiro, para proclamarmos juntos que a “terra, a floresta e a água são dádivas de Deus para viver e conviver”.

Pois “Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seu membros sem excluir ninguém” ( Centesimus annus  – João Paulo II).

Dai a nossa indignação, o nosso grito, a nossa escolha de Machadinho do oeste, sob a proteção de N. S. Aparecida, para ser o santuário desta X Romaria.

Entre tantas ameaças e desafios da nossa região, aqui em Machadinho mais de 500 famílias da comunidade ribeirinha de Tabajara podem ser expulsos de suas terras pela construção da usina de Tabajara atingindo também seringueiros, indígenas isolados, os povos Tenharin, Gavião e Arara no rio machado.

Não podemos esquecer que o Vale do Jamari se destaca com o índice de violência no campo e o pior de tudo é que os camponeses são os únicos presos e criminalizados enquanto os mandantes e a elite do latifúndio desfrutam da impunidade. Nós somos testemunhas de que há uma violência institucionalizada praticada contra os pobres.

O planeta está ameaçado, e na nossa região sabemos que a falta da tão sonhada Reforma Agrária, a apropriação de terras, o desmatamento, o uso cada vez maior de agrotóxicos inadequados, o avanço dos monocultivos, os grandes projetos com desastrosos impactos ambientais, a politicagem da terra e da mineração,  são alguns do males que revelam a nossa decadência, do risco de extinção e do apelo para saber viver e conviver com tudo que é dádiva de Deus para conosco.

Frente este cenário lembro que por ocasião do IV congresso da Comissão Pastoral da Terra – CPT, celebrando os 40 anos de fundação da CPT, estavam reunidos mais de 900 agentes, camponeses e convidados de todo o Brasil. Todo o Congresso foi norteado pela “Memória, Rebeldia e Esperança dos Pobres da Terra”; com a consciência de que mesmo em tempo de escuridão, temos que saber viver a audácia de lutar sempre, esperar contra toda esperança, como foi gritado tantas vezes: “faz escuro, mas eu canto”  (poeta Thiago de Melo).

Esse alento, esta firmeza, nós encontramos na carta que Paulo dirige aos romanos e a nós hoje. A preocupação do Apostolo Paulo foi animar o espírito cristão dentro de um contexto difícil marcado pela exploração das pessoas, por deuses gananciosos e opressores,  que dominavam o mundo pela violência, segregando e dividindo as pessoas entre dominadores e dominados.

Naquele congresso, tinha um percurso com 30 placas recordando os 30 anos dos conflitos no campo do Brasil; estas placas estão aqui hoje, decorando o nosso santuário, para cada uma das placas: o ano, o numero de conflitos, numero de mortos e o destaque para a maior tragédia do ano. Como por exemplo, o massacre de Corumbiara.

Nesta trajetória, como bem diz a Palavra de Deus em Ato dos Apóstolos: “vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E disso nós somos testemunhas”(At 3,15).

“Nós somos testemunhas” (At 3, 15b)sim! De tantas conquistas, e resistências encampadas pelo nosso povo, mais  não podemos esquecer o ardor profético e missionário de tantos companheiros e companheiras que não pouparam a própria vida, irmãos e irmãos nossos que tombaram para fazer valer o sonho de dias melhores, como aponta o apocalipse que diz: “eu vi novo céu e nova terra” (Ap. 21).

O novo céu e nova terra  é o sonho de uma terra sem males! É o sonho de todos nós!.

Entre tantas testemunhas desta bravura na luta pelo sonho de uma terra sem males, trago presente o nosso irmão comboniano Pe. Ezequiel Ramim – saudosa memória – nós somos testemunhas Pe. Ezequiel de que voçê tinha razão, quando afirmava: “tenho medo só do cansaço, pois só com justiça na terra haverá vida e paz”.

Romeiros e romeiras, esta romaria é para refazer as nossas forças, despertar a nossa coragem, afastar o medo, o cansaço e renovar o nosso testemunho, o nosso compromisso, pois Deus é o nosso guia e nos conduz nesta caminhada.

Muitos caminhos que às vezes parece garantir- nos a vida, são caminhos tortuosos e falsos que conduzem a escravidão e a dependência.

O caminho que Deus propõe a nós por meio do seu Filho Jesus, é o caminho que liberta de toda escravidão.

Nós somos testemunhas! Faz escuro, mais eu canto!

 

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