Missa Crismal 2021

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Homilia da Missa Crismal

Catedral N. S. do Seringueiro

08072021 -19h30

Is. 61, 3a.6a.8b-9; Ap. 1, 5-8; Lc 4, 16-21

 

Nesta missa crismal nós somos envolvidos em dois grandes momentos caros para a nossa espiritualidade: A benção dos Santos Óleos e a renovação das promessas sacerdotais.

Agradeço de coração aos irmãos e irmãs vindos de todas as paroquias de nossa Diocese de Guajará-Mirim, e também da Arquidiocese de Porto Velho.

São tantas as intenções que apresentamos no altar de Deus  reunido aqui na Igreja Catedral dedicada a N. S. do Seringueiro, assim como as intenções daqueles que celebram conosco através da Rádio Educadora e dos meio digitais.

Diante deste tempo pandêmico tão desafiador, cultivamos em nós a esperança de dias melhores, esperança da vacina para todos.

Queremos celebrar em comunhão com as famílias enlutadas em particular da nossa diocese, fazendo memória daqueles que fizeram sua páscoa de forma dramática e repentina, foram tantos paroquianos, lideranças, amigos e conhecidos vitimas da covid -19.

Queridos padres e diáconos, neste dia em que renovareis as promessas sacerdotais, me permitam partilhar convosco simplesmente o olhar de Jesus como ungido do Pai.

O olhar do Mestre não se dirige ao pecado das pessoas, mas ao sofrimento que arruína suas vidas. O que toca seu coração é a dor, opressão e a humilhação do povo.

“Jesus se sente ‘Ungido pelo Espírito’ de um Deus que é misericordioso. É esse espirito que o impele a dedicar sua vida inteira a libertar, aliviar, curar e perdoar… um dos traços mais escandalosos e insuportáveis da conduta de Jesus é sua decidida defesa dos pobres” (Pagola).

Esta convicção e opção de Jesus, não foram fáceis, ela abraçou consequências, ela custou o espanto de muitos que o escutavam no templo, espanto dos que o seguiam, custou um cálice amargo.

Vale recordar a reflexão do Papa na missa crismal deste ano quando ele dizia:

“Não nos escandalizemos porque Jesus não se escandalizou por ter de curar doentes e libertar prisioneiros nos meio das discussões e controvérsias moralistas, legalistas e clericais que suscitava sempre que fazia o bem.

Não nos escandalizemos porque Jesus não se escandalizou por ter de dar a vista aos cegos no meio da gente que fechava os olhos para não ver ou olhava para o lado.

Não nos escandalizemos porque Jesus não se escandalizou pelo fato da sua proclamação do ano de graça do Senhor – um ano que é a história inteira – ter provocado um escândalo publico que hoje ocuparia apenas a terceira pagina de um jornal de província.

E não nos escandalizemos porque o anuncio do Evangelho não recebe a sua eficácia das nossas palavras eloquentes, mas da força da cruz (cf. 1 Cor 1,17).

Pelo modo como abraçamos a cruz ao anunciar o Evangelho – com as obras e, se necessário, com as palavras – manifestam-se duas coisas: primeira, os sofrimentos que derivam do Evangelho não são nossos, mas «os sofrimentos de Cristo em nós» (2 Cor 1,5) e, segundo, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor» e somos «servos, por amor de Jesus» (2 Cor 4,5)”.

Foi na sinagoga de Nazaré por meio da leitura do texto do profeta Isaias, que Jesus orientou toda a sua vida. Suas andanças, proximidades com as pessoas, o modo de ocupar o tempo, tudo tinha a marca daquilo que ele proclamou na leitura.

Isso só é possível se tivermos convicção da razão de ser da nossa consagração, da nossa missão, da unção que recebemos, por fim convicção do envio missionário de que somos revertidos.

O Biblista Pe. Luiz Marconi comentando o evangelho de Lucas, a partir das luzes para nós hoje ele aborda a necessidade desta convicção.

“Convicção é isso mesmo: sei o que faço, por que o faço e assumo as consequências. Quais luzes e chamada para a nossa vida e para o mundo de hoje? Será que, às vezes, não corremos o perigo de fazer por fazer? Realmente, uma pessoa sem convicções profundas vira chiclete: vai para cá e para lá, sem rumo. Corre o risco de ser usada, abusada e jogada fora quando não servir mais. Ao chegar a uma encruzilhada, fica sem saber para onde ir. Quando enfrenta alguma barreira ou dificuldade, faltam-lhe energias e forças para superá-las. Ter convicção não significa ‘nunca errar’. A fragilidade e o pecado sempre nos acompanham. Daí a necessidade de convicções capazes de nos levantar para continuar o caminho”.

Que esta celebração do Santo Crisma e da renovação das promessas sacerdotais nos ajude a viver ainda melhor esta convicção de sermos ungidos pelo Senhor, para exercermos autenticamente o ministério presbiteral a serviço do povo de Deus.

Peçamos a proteção de N.S. do Seringueiro – padroeira  da Diocese de Guajará Mirim – para  que a unção que rebemos, o óleo da alegria, seja para nós e todo a comunidade cristã fonte de benção e fecundidade no Senhor.

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