MENSAGEM FINAL XXXVI ASSEMBLEIA DO CIMI RO

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Promover a Amazônia não implica colonizá-la culturalmente, mas fazer de modo que ela própria tire fora o melhor de si mesma”. (Q. A. 28)

Nos dias 10 a 12 de setembro de 2021, o CIMI-RO realizou a sua XXXVI Assembleia Regional, com o tema: CIMI-RO: 40 anos de compromisso na defesa do Bem Viver dos Povos Indígenas, e o lema: Memória e resistência, rumo aos 50 anos de missão. Vivenciamos, nestes dias, a trajetória histórica do CIMI entre os povos indígenas, suas lutas, percas, conquistas e desafios.

São 40 anos de caminhada com os povos indígenas, muitas resistências e lutas travadas e outras tantas em curso diante de uma conjuntura de governo anti-indígena e que a todo momento viola e ataca a constituição, nega e ameaça os direitos já conquistados. Os ataques aos povos indígenas estão expressos em medidas legislativas, no PL 490/2020, PL 191/2020 e PL 2633/2020, em atos do poder executivo como a Instrução Normativa 01 e 09/2021, Resolução 04 e no judiciário, quando vemos o intento da imposição de um marco temporal para as demarcações de Terras Indígenas, negando o direito originário e coletivo.

Em Rondônia, o processo de colonização é marcado pelo genocídio dos povos indígenas, e ainda hoje testemunhamos a violência contra estes povos pela invasão de seus territórios, o roubo de madeira, mineração, ameaças, negação de acesso às políticas públicas. Em contexto urbano, muitos Povos Indígenas que foram expulsos de seus locais sagrados, ainda não conseguiram a demarcação de seus territórios tradicionais pela omissão do Estado Brasileiro em não reconhecer o direito originário dos povos indígenas. Frente este processo de negação de direitos, os povos em resistência se mobilizam para exigir o seu reconhecimento étnico e a demarcação de seus territórios.

A continuidade do processo de integração dos povos indígenas interfere nas suas formas de sociabilidade, e impõe uma lógica individual em detrimento dos aspectos culturais e do processo coletivo de uso da terra e dos bens da natureza, o que nos coloca diante de novos desafios para garantia do bem viver dos povos.

Os povos são confrontados e atacados diariamente pelo sistema capitalista, que segue a produzir dor e morte quando não demarcam os territórios indígenas, matam, assim, crianças, mulheres, anciãos. Quando o direito e a vida do povo indígena são negados, não se trata apenas da ofensa a uma etnia ou um povo, mas das condições de vida de toda a humanidade, e a criação divina é comprometida. Diante de tantos enfrentamentos, a dor por cada parente e cada árvore tombada é a nossa dor, mas são nossas também a esperança e a espiritualidade dos povos que movem o serviço do CIMI nesses anos de caminhada e que guiam nossos passos nas trilhas da formação, mobilização e presença.

Os povos indígenas, movidos pela força ancestral e pela resistência de 521 anos, se colocam em mobilização permanente e são luzes que reafirmam a certeza expressa na fala de Pedro Arara: “Nós não estamos sozinhos, o que foi está aqui dando essa força. O futuro se cria”.

Na resistência e lutas travadas diariamente pelos povos indígenas em favor de suas vivências, resistindo a negação de Direitos e retrocessos ao longo destes 521 anos, lutamos pela garantia desta e das futuras gerações de nossos povos e todos os seres da mãe natureza e mãe terra, a partir delas, semeiam a Esperança de dias melhores para todos.

Na defesa da vida, da terra e dos direitos, o CIMI reafirma o compromisso com a Causa dos Povos Indígenas, a partir da interpelação feita pelo Papa Francisco: “é preciso assumir a perspectiva dos direitos dos povos e das culturas” (Q.A. 40), visibilizando o protagonismo dos povos indígenas, nas suas lutas, conquistas e resistências, assim como, o Bem Viver, que garante a continuidade das gerações futuras.

A causa indígena é de todos nós,

diga ao povo que avance.

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