Homilia – Ordenação Presbiteral – Diác. Claudinei de Lira Paróquia Cristo Salvador

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Lema: “Quem  vos chamou , é fiel, e é ele que agirá” (ITs 5, 29)

 

Caríssimos irmãos e irmãs reunidos aqui nesta Igreja dedicada a Cristo Salvador, assim como aqueles que celebram conosco através da Radio Educadora da Diocese de Guajará Mirim, da Rádio local… e também os irmãos e irmãs  que nos acompanham pelos meios digitais.

Acolho fraternalmente os padres, diáconos, religiosos/as, autoridades, as delegações paroquiais, os pais e familiares do Diac. Claudinei juntamente com os demais parentes e amigos  pertencentes as Igrejas evangélicas. Bem vindos!

Neste ano de 2021, o Bom Jesus, Senhor da Messe e Pastor do rebanho nos agraciou com a dádiva da consagração a vida presbiteral, três jovens padres para colaborar na Igreja a serviço do Reino de Deus:

Pe. Josiel dos Santos, da Paróquia N. S. Aparecida – Colorado – ordenado em abril;

Pe. Adriano Clebson, da Paróquia Cristo Rei – Seringueiras; ordenado em novembro.

E hoje, o Diac. Claudinei Lira desta Paróquia dedicada a Cristo Salvador.

O Senhor também nos deu e tirou o nosso querido e saudoso Pe. Raimundo Batista – Pároco em Corumbiara, vitima da Covid -19. Como diz Jó “Iahweh o deu, Iahweh o tirou” (Jó 1,21).

Na saudosa memoria do Pe. Raimundo Batista, queremos orar por todas as vitimas deste tempo pandêmico, em particular as famílias enlutadas da Diocese de Guajará Mirim.

Queremos elevar a Deus o nosso canto de louvor, gratidão e ação de graças pelo nosso reencontro, pelas nossas vidas e pelo esforço de tantas equipes de trabalho empenhadas em nos proporcionar segurança nesta acolhida celebrativa, lembrando que a pandemia ainda não acabou. Portanto não podemos baixar a guarda.

Diac. Claudinei, “Quem vos chamou , é fiel, e é ele que agirá” (ITs 5, 29), esse é o lema que escolhestes para iluminar teu itinerário de presbítero a serviço da Igreja.

Eu gostaria de refletir este caminho, meditando a Palavra de Deus que acabamos de ouvir, trazendo presentes algumas luzes do texto base para o 18º ENP/22.

Neste 4º domingo do advento, a Palavra de Deus nos ensina a vivenciar este tempo de preparação para o natal a partir de personagens importantes para o nosso crescimento espiritual.

É a pedagogia do encontro: encontro com os profetas, encontro com João Batista, encontro com Maria e o encontro com o próprio Jesus.

Hoje com o Profeta Miqueis – 1º leitura – é possível perceber um texto fortemente critico que anula o tipo de poder que se instaurou em Jerusalém.

O texto inicia privilegiando e exaltando Belém, uma aldeia do interior, desprezível aos olhos da corte estabelecida em Jerusalém.

Tudo isso para revelar que a encarnação salvífica de Deus não virá da corte palaciana, do poder instalado em Jerusalém, mais sim da periferia.

É a partir dos simples que acontecerá a restauração do povo acenada pelo profeta em dois sinais: A mulher que dar a luz e a volta do exilio.

Miqueias anuncia a chegada de um enviado de Deus; novo futuro desponta para o povo que sofre.

O enviado de Deus irá restabelecer a paz.

A mensagem profética salienta que há sinais da presença divina em meio ao povo, pois Deus não se esquece de sua vinha, mas ele mesmo é que dela vai cuidar. Ele visitará seu povo escolhido, que renovará a aliança, prometendo nunca mais se separar de seu Deus.

Na segunda leitura – Carta aos Hebreus – fazendo uso de uma linguagem litúrgica, muito familiar ao mundo judaico, o autor, após apresentar Jesus como o Sacerdote que expiou todo o pecado do povo, convida a comunidade a exercer sua missão sacerdotal.

Quantos ensinamentos podemos tirar deste texto especialmente neste dia de ordenação!

Na tradição judaica, fundamentada no Antigo Testamento, a pessoa – para expressar arrependimento, pedir perdão, celebrar a comunhão com Deus, fazer memória dos eventos salvíficos – oferecia um sacrifício de animal por meio de um sacerdote, que fazia a oferta a Deus. No entanto, muitos profetas já haviam dito que tais sacrifícios não tinham valor quando constituíam apenas rituais externos, e não gestos de um coração sincero.

O autor da carta exprime um ponto central da fé cristã: Jesus é o verdadeiro sacerdote porque ofereceu a si mesmo como oferta para perdoar nossos pecados.

Por sua encarnação e entrega total da vida para realizar a vontade do Pai, redimindo a humanidade, seu sacrifício restabeleceu para sempre a aliança com Deus. O encontro com o Senhor se realiza na prática do amor, numa vida digna de filhos e filhas de Deus, mais do que num ritual que não conduz à prática da justiça.

Baseado neste principio de entrega, podemos dizer que o presbítero é antes de tudo um servo convidado a olhar a vida. Assim como Jesus olhou para o Pai (Mt 11, 25-26;Mt 11, 27-28). É pelo olhar da Palavra que se olha a vida com os olhos do coração de Cristo.

“O presbítero olha a vida para poder oferecer a Jesus as alegrias e dores de pessoas e dos povos. Nesse duplo movimento, a amizade com Jesus se fortalece e o presbítero se descobre capaz de repetir o Vinde de Jesus, ainda que, dentro ou diante de si, se manifestem sombras, dores e inseguranças” (Nº 14 – 18º ENP).

Quanto ao Evangelho, estamos diante da famosa cessão que costumamos chamar “a visita de Maria a Izabel”. Estamos diante do encontro de duas grávidas: Maria e Izabel e o encontro de duas crianças, o percussor e o salvador. Assim como as duas mães têm um relacionamento de parentesco, afetivo e espiritual, também os filhos de ambas terão um relacionamento profundo na história da salvação.

Para Lucas, Jesus é o Deus que une as pessoas, promove o encontro. O primeiro sentimento que a presença de Jesus traz às pessoas é a alegria; aqueles que esperam pela salvação divina têm uma resposta de amor. É a alegria de quem sente que Deus é presente, se faz próximo e não abandona a obra de sua criação. Somente quem olha para a história do povo e vê sua fidelidade pode exultar.

Isabel, a exemplo de muitas outras pessoas de Israel, aguardava por sinais do cumprimento das promessas de salvação anunciadas pelos profetas. Isabel e Maria se sentem bem-aventuradas por contemplarem a salvação, por serem instrumentos nas mãos de Deus para a realização dessas promessas.

osta de Maria será o cântico do Magnificat, por meio do qual ela expressa seu louvor por Deus ter se lembrado da promessa feita a Israel. Chegou o tempo da libertação, chegou o tempo da salvação.

Diac. Claudinei, “se há algo que se espera da missão do presbítero é que ele seja uma ponte, simples no estilo, é verdade, mas firme o bastante para trabalhar vigorosamente a fim de que o diálogo seja mais forte que a indiferença e violência. Em um mundo em que as mediações estão em crise, à missão do presbítero emerge como mediação para o diálogo, o encontro, o convívio, a justiça e a paz” (18º ENP    47).

Quero terminar esta reflexão, recordando o nosso Pai o Papa Francisco, sempre preocupado conosco.

Ele nos alerta chamando atenção que a “mundanidade espiritual nos afasta da coerência de vida, nos faz incoerentes. Uma pessoa finge ser de certa maneira, mas vive de outra… aquele/a que se deixa levar pela mundanidade perde a identidade cristá” (Homilia – casa Santa Marta nov/2015).

Mundanidade significa, na pratica, agarrar-se a si mesmo, significa deixar-se levar pela perda da radicalidade do Evangelho, adaptando sua transmissão à mediações com os quais o Evangelho não se adequa.

Peçamos ao Senhor que nos assista e nos confirme na sua graça!

Amém!

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